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Quem sou eu? Arte, identidade e representação I

Gostava fizessem os vossos comentários sobre as obras que vos suscitaram maior interesse na visita de estudo à Gulbenkian.
Obrigada!

13 comentários:

  1. O que mais gostei da exposição foi o primeiro vídeo que observa-mos na exposição. Todo o simbolismo por detrás da criação do quadro de Delacroix – “ A Liberdade guiando o povo” em vídeo - porque a artista cria o segundos antes e depois da imagem que o quadro retrata. No filme de Cristina Lucas “La liberté raisonnée” a artista decide demonstrar os segundos depois da imagem do quadro alterados porque o povo mata a mulher que simboliza a república. Com isto, a artista critica um defeito da sociedade de hoje em dia – pois o povo queria tanto a Republica mas já não respeita os seus ideais – Liberdade, Fraternidade e Igualdade. Ao ficarem cegos pela ganância e avareza o povo esquece os ideais que tornaram possível a sua vida de hoje através da República. A artista tocou num assunto bastante importante através da obra mais conceituada sobre a República e recriou a verdade do quadro nos dias de hoje – ao atacar o povo como o responsável de quererem tanto mudar o rumo da história e sofrerem tanto, para agora, não respeitarem tudo o que os do passado lutaram tanto para conseguir.

    Inês Victorino

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  2. Uma das obras que mais me cativou foi a série fotográfica ''Cartografia'' de Ana Telhado. Para além do aspecto estético de toda a série, que é, para mim, particularmente bonita pelos tons escolhidos (sépia, preto e branco) e contrastes criados através da utilização que Ana Telhado faz da luz. Também me encantou a simplicidade das mulheres retratadas e, em simultâneo, a sua força e a das suas expressões corporais, também pelo imenso respeito que em mim inspira cada uma delas. Toda a obra possui um grande sentido de clareza, proporção e harmonia, e cada fotografia é mais que uma fotografia de viagem. Cada um dos elementos da série é um espelho da história e vivências de cada mulher, rapariga e mesmo menina que é retratada. É expressa em toda a obra uma fusão do local e da sua história com a das próprias habitantes, pelo seu carácter espontâneo e muito real, dando-se muita importância à força do Feminino, exterior e interior. Vim a saber através de pesquisas sobre a autora e a sua obra, que as imagens não são manipuladas, contrariando a massificação e banalização da imagem - o que, por si, torna a obra muito mais genuína e lhe oferece ainda mais beleza.

    Beatriz Gonçalves

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  3. Entre a Terra e o Espaço, concentra-se uma enorme massa gasosa a que chamamos atmosfera.
    Por forças a nós superiores, é-nos impossível desconectarmo-nos, por muito tempo, desta enorme Rocha. Facto que nos faz sonhar, ou mesmo, viver com a expectativa de alguma vez pudermos voar.
    "Untitled" coloca-nos no papel de um "suposto ornitólogo", que instala, na cabeça de duas aves de rapina, câmaras de vídeo.

    Céu.
    Chão.
    Chão.
    Chão.
    Chão.
    Árvore.
    Casa.
    Casa.
    Casa.

    O trepidar constante do filme, fez-me desligar de qualquer possível relação espacioal e, ou temporal que possa ter feito anteriormente - deixei de conseguir reconhecer algum traço/conhecido.
    Apenas: manchas de cor pulsantes a serem bombardeados contra os meus olhos.
    Depois; a música pára. Ouve-se o vento cortado nas asas.

    o plano muda.

    Terra.

    O cenário é completamente diferente: aglomerados de casas.

    Comparo as duas imagens e junto a estas, uma terceira:
    "
    um carro 'à deriva' por entre montanhas e vales castanhos e cinza. seco.
    "
    Todos nós queremos atingir um local qualquer ou um lugar nenhum, superior.
    Todos vivemos a acreditar que, acima de tudo Isto, tem de estar algo melhor,
    que ao ser físicamente inalcançável, faz com que todos nós sonhemos com isso.


    http://www.we-make-money-not-art.com/wow/1543_LaurentGrasso.jpg

    "Untitled" (2009), Laurent Grasso
    Vídeo
    DVC Pro HD, 17´, Loop, Farbe / colour, Ton / sound

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  4. Inês eu também achei muito interessante, não só pelo aspecto que focaste (tema), mas sem dúvida pela forma. Tendo como referência a tal conhecida pintura de Delacroix, foi para mim uma experiência estética ver esta recriação em movimento lento, como se cada frame fosse uma pintura, ou se quisermos, várias pinturas numa tela com som.

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  5. Beatriz Gonçalves, gostei da tua nota e de teres notado. O teu texto, além de bem escrito, tem um sentido estético e sensível muito curioso. Seria interessante transportares alguns aspectos aqui encontrados para o trabalho que estás a fazer em OFA. Exemplo:
    “Sépia, preto e branco”
    “Contrastes”
    "Simplicidade"
    “Expressões Corporais”
    "Espelho da história e vivências"
    “Clareza, Proporção e Harmonia”
    “Viagem”
    “Exterior e Interior

    Pensa nisso e bom trabalho

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  6. Na sequência do que o Rodrigo escreveu:

    Se fôssemos pássaros teríamos outra percepção do mundo, outra realidade. Mas a arte não impõe limites, antes possibilita a liberdade de pensar, de escolher e de agir. Porque não criar empatia com os pássaros e entrar nos seus voos. Quem nos impede? Está em nós a possibilidade de voar e de ser-mos livres. E às vezes é necessário sair-mos deste metro e tal de altura.
    Este vídeo a que assistimos de Laurent Grasso (1972), teve o poder de nos colocar numa nova experiência/realidade: o fascinante voo de uma ave de rapina. O ponto de vista do artista confunde-se com o de uma ave que sobrevoa livremente o espaço. Devia-mos ser assim quando quiséssemos.
    http://100artists.intermediamfa.org/?p=324

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  7. A obra que mais gostei foi, sem dúvida, a série “Cartografia” de Ana Telhado. Todas estas seis obras foram realizadas em 2007 e com a técnica de emulsão de gelatina e prata sobre papel colado em PVC. Na minha opinião, todas elas expressam emoções perante o público, mesmo com a particularidade de serem a preto e branco. Na verdade, o preto e branco é o toque final perfeito. Deixa-nos deslumbrados com a expressão de cada quadro, com o dia-a-dia destas mulheres, tão diferente do nosso. Dão-nos a conhecer uma perspectiva de um país e de um continente que, se calhar, muitos de nós nunca tivemos oportunidade de conhecer.

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  8. Selecção de algumas partes do relatório já entregue:

    "A obra de Cristina Lucas acontece através de um vídeo e esta tem como base um dos quadros do pintor Delacroix que trata da Revolução Francesa."...
    " O que a artista fez foi dar vida à obra do pintor em causa"..."realizou uma crítica ao colocar o povo a matar o símbolo da liberdade, isto é, a mulher semi-nua. Sendo assim, a ideia que Cristina Lucas pretende passar com esta atitude drástica por parte do povo é que este tanto desejou a liberdade que acabou por não saber como lidar com ela."
    "Esta sátira foi, na verdade, o que me fez nomear esta obra como uma das minhas preferidas, pois, penso que foi uma análise muito profunda, complexa e verdadeira. O que é certo e visível aos olhos de todos é que, actualmente, as pessoas pensam em si como um ser individual e não dão atenção ao facto de viverem numa sociedade que de dia para dia se globaliza mais. O que eu quero dizer com estas palavras é que, de facto, nós – seres sociais – temos liberdade para nos alterarmos a nós próprios, para escolhermos a que sitio ir e quando ir mas não podemos ignorar um facto que é o de vivermos em sociedade e em constante relação com outros seres semelhantes a nós. Com isto, eu julgo que as pessoas, às vezes, desprezam esta realidade e dão origem a más interpretações/ confusões que culminam, em alguns casos, na violência e, até, na morte. Concluo assim que, na minha opinião, a liberdade não existe a cem por cento porque devemos sempre explicações a alguém e respeito ao nosso semelhante e, por isso, quem não sabe que estes limites são-nos impostos constantemente, mal saímos da porta da nossa casa, acaba por “matar” a liberdade que nos é permitida."


    Nádia Silva

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  9. A obra que me suscitou maior interesse foi o vídeo da Cristina Lucas, “La Liberté Raisonnée”, que observamos logo no início da exposição, pois era a primeira obra exposta.
    A artista faz uma reprodução em vídeo do famoso quadro de Delacroix - "A Liberdade Guiando o Povo" (passado em 1830 na Revolução Francesa), ou seja, deu vida às personagens deste mesmo quadro.
    O quadro de Delacroix pretendia exaltar os valores da república e a fraternidade, igualdade e liberdade (os três princípios da Revolução Francesa) através da Marianne (mulher semi-nua asteando a bandeira da república francesa na mão direita, que simboliza a LIBERDADE). Se pensarmos que esta mulher simboliza a LIBERDADE podemos chegar à conclusão que de certa forma é contraditório, pois ainda estamos longe dos anos 20 e, como sabemos, a mulher até lá teve um papel muito secundário na sociedade e a liberdade que tinha era quase nula (para não dizer totalmente nula).
    Uma curiosidade: esta mulher chama-se de Marianne pois é a conjugação dos dois nomes de mulheres mais utilizados na altura - Marie e Anee.
    No vídeo da Cristina Lucas podemos dizer que em parte dele está presente tudo o que acabei de dizer acerca do quadro do Delacroix (pois o quadro é um momento e o vídeo é o desenrolar desse mesmo momento), mas há algo mais e é fundamental para o pendor conceptual desta obra: a morte da Marianne.
    Marianne é morta pelo povo revolucionário e, o que isto quer dizer, é que o povo tanto deseja descompensadamente a LIBERDADE, que quando a alcança não sabe como a usufruir e acaba por a assassinar.
    Indo mais além (e transpondo esta situação para a actualidade) posso dizer que nós somos os responsáveis pela falta de liberdade que estamos a gozar, ou seja, NÓS fazemos parte do povo retratado pela Cristina Lucas, NÓS estamos "dentro" do filme.
    Concluindo, e pegando um bocado no desafio que a guia nos lançou no início da visita, posso chamar a este vídeo ESPELHO, pois todo este episódio está-nos a espelhar a nós, povo. Acaba por ser o nosso reflexo.
    O observador inicia o visionamento deste filme distanciado de todo o acontecimento mas acaba de o ver e vê-se literalmente envolvido na obra.

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  10. Mafalda, apesar de referires a gelatina e prata sobre papel, como técnica (fotográfica de impressão), é curioso que não tenhas falado em fotografia, mas antes a aspectos mais próximos das artes plásticas, referindo a “expressão de cada quadro”.

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  11. Oscar Wilde
    The Ballad Of Reading Gaol

    And all men kill the thing they love,
    By all let this be heard,
    Some do it with a bitter look,
    Some with a flattering word,
    The coward does it with a kiss,
    The brave man with a sword!

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  12. Gostei e achei profunda a obra das fotografias das mulheres negras a caminhar e em posições fora do normal
    (deitadas) para talvez chamar a atenção,
    pois elas se calhar não têm outra maneira de se fazer ouvir. Vê-se como elas são pequenas neste mundo,
    como qualquer um de nós, se não tiver mos lá mais alguém para nos ajudar a transmitir uma mensagem.
    Se calhar se fossem mil negras deitadas em fila a notícia teria chegado a um nível mundial, se calhar.
    A obra tinha vários pequenos pequenos promenores que podiam também ter o seu significado, como por exemplo algumas
    das mulheres tinham coisas a proteger os pés e outras estavam completamente descalças. Isto só torna a obra melhor
    no sentido em que fica mais profunda em significado. Há que dar reconhecimento também por serem fotografias
    extremamente difíceis de tirar. Não se vai a um país qualquer pobre e pedesse a qualquer pessoa para se deitar
    no chão. É se perciso coragem e um bom coração para captar tal imagem, e talvez um pouco de sorte.
    Outra parte da obra interessante eram as crianças deitadas. Essas imagens eram sempre muito estáticas e sem cor,
    quase como se estivessem a transmitir a sensação de morte.
    Eram muito à base do preto e branco também, que por si pode dar outro sentido e significado á obra,
    que é o facto destas pessoas pobres sofrerem muito e terem a vida que têm solemente por causa da visão
    a preto e branco que as pessoas no poder costumam ter por serem tão ganansiosas e quererem sempre mais.
    Se esse fosse o caso, uma frase engraçada para esta obra então podia ser:
    O que um homem poderoso mais quer é mais poder, mesmo a custa da vida dos outros. Faria as pessoas pensarem e
    olharem para a obra com outros olhos. Esta era só uma opinião engraçada minha.


    A seguir achei piada à obra que mostrava os livros de crianças e como eles aprendiam a ler e a contar com imagens
    simples, sendo algumas delas espingardas.
    Isto tem o significado e um poder imenso para mover o coração e a mente das pessoas, se essas mesmas forem pessoas
    sensíveis como um artista tem de ser. Gostei muito da obra também pelo facto de ser extremamente simples e ao mesmo
    tempo transmitia perfeitamente bem o que o autor queria que fosse transmitido sem haver espaço para que talvez
    as pessoas pensassem que pudesse significar outra coisa. Simples e claro.

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  13. Gostei e achei profunda a obra das fotografias das mulheres negras a caminhar e em posições fora do normal
    (deitadas) para talvez chamar a atenção,
    pois elas se calhar não têm outra maneira de se fazer ouvir. Vê-se como elas são pequenas neste mundo,
    como qualquer um de nós, se não tiver mos lá mais alguém para nos ajudar a transmitir uma mensagem.
    Se calhar se fossem mil negras deitadas em fila a notícia teria chegado a um nível mundial, se calhar.
    A obra tinha vários pequenos pequenos promenores que podiam também ter o seu significado, como por exemplo algumas
    das mulheres tinham coisas a proteger os pés e outras estavam completamente descalças. Isto só torna a obra melhor
    no sentido em que fica mais profunda em significado. Há que dar reconhecimento também por serem fotografias
    extremamente difíceis de tirar. Não se vai a um país qualquer pobre e pedesse a qualquer pessoa para se deitar
    no chão. É se perciso coragem e um bom coração para captar tal imagem, e talvez um pouco de sorte.
    Outra parte da obra interessante eram as crianças deitadas. Essas imagens eram sempre muito estáticas e com cores mortas, como a sépia
    quase como se estivessem a transmitir a sensação de morte.
    Eram muito à base do preto e branco também, que por si pode dar outro sentido e significado á obra,
    que é o facto destas pessoas pobres sofrerem muito e terem a vida que têm solemente por causa da visão
    a preto e branco que as pessoas no poder costumam ter por serem tão ganansiosas e quererem sempre mais.
    Se esse fosse o caso, uma frase engraçada para esta obra então podia ser:
    O que um homem poderoso mais quer é mais poder, mesmo a custa da vida dos outros. Faria as pessoas pensarem e
    olharem para a obra com outros olhos. Esta era só uma opinião engraçada minha.


    A seguir achei piada à obra que mostrava os livros de crianças e como eles aprendiam a ler e a contar com imagens
    simples, sendo algumas delas espingardas.
    Isto tem o significado e um poder imenso para mover o coração e a mente das pessoas, se essas mesmas forem pessoas
    sensíveis como um artista tem de ser. Gostei muito da obra também pelo facto de ser extremamente simples e ao mesmo
    tempo transmitia perfeitamente bem o que o autor queria que fosse transmitido sem haver espaço para que talvez
    as pessoas pensassem que pudesse significar outra coisa. Simples e claro.

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