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CAM: Olhar, Ver, Interpretar IV - Colocação/Instalação

A colocação/instalação da escultura de Pedro Croft no espaço e a sua interacção é intencional.
Este aspecto cria uma relação de conceitos e de tensões poéticas, tornando o espaço onde a obra se instala como parte da mesma

5 comentários:

  1. A obra de Pedro Croft também criou imensos laços comigo mal a vi e com o passar do tempo a observa-la fui criando conceitos interessantes e atribuindo significados diferentes a cada pormenor. Não que houvessem muitos pormenores, e foi também por essa razão que eu me liguei à obra, era simples e clara.
    Uma esfera de gesso e uma mesa de madeira a criarem um ponto de equilíbrio com o apoio da parede. Não creio que os materiais usados para construir as formas importem muito, mas sim as formas em si e o que esta por detrás delas. As três formas sólidas mais simples e conhecidas da natureza são o tetraedro o cubo e a esfera. Na obra só se representam a esfera e o parece ser uma tentativa de criar um cubo pelas suas arestas usando um objecto comum e conhecido também pelo facto de ser instável e poder cair para o lado. Como vê-mos falta aqui o tetraedro, conhecido como a forma da natureza mais estável e forte, incapaz de tombar ou sair do sítio, teoricamente. Com estas especulações posso dizer que a obra transmite a sensação de instabilidade e ao mesmo tempo de equilíbrio.
    Vou tentar reflectir um pouco mais profundamente sobre a obra.

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  2. A meu ver, esta foi a obra mais acolhedora de todas. Tudo graças à bola que está em perfeito equilíbrio em cima daquela mesa em perfeito desiquilíbrio. Como tal, acharia bastante interessante o nome ''Desiquilíbrio Perfeito'' para todo o trabalho. Criámos grandes valores à volta desta obra, grandes ideias e porquês.

    Falando geralmente em relação à exposição, penso que foi muito bem conseguida. Todos os artistas tiveram grande simplicidade nas suas obras. Refiro-me à preocupação de uma facilidade de acesso de intrepretações sobre cada uma das obras. Estão todos de parabéns, tornou-se uma exposição excelente.

    Mariana Sá

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  3. Esta foi, sem dúvida, a obra que mais me fascinou em toda a exposição.

    Ao ver a obra imediatamente sinto dois impulsos: um que me dá vontade de correr para a mesa e endireita-la para que a grande bola não caia e outro que me dá vontade de permanecer quieta e em silêncio junto da obra, a observar o que irá acontecer a seguir (será que a bola se vai aguentar? será que não?). Todo este "desequilíbrio equilibrado" me intriga, é contraditório.
    Para mim esta obra tem um significado muito especial, pois identifico-a como representante da "Condição Humana", ora vejamos:
    A grande bola de gesso identifico-a à VIDA pois é grande, forte (o gesso é um material forte), pesada (tem um valor intrínseco e sem limites) e é redonda (tanto o círculo como a esfera são símbolo da utopia, da perfeição e do equilíbrio).
    A mesa é aquilo em que a nossa vida está apoiada - em algo frágil e incerto, em desequilíbrio e de pequeno porte comparado com o valor da nossa vida. Nós, pequenos seres humanos, nunca sabemos o dia de amanha (não sabemos se a mesa se irá desequilibrar ou não).

    Concluindo, esta obra faz-me pensar na tragicidade que está subjacente à própria condição humana, todo o valor intrínseco da nossa vida está apoiado em "quase nada", em incertezas em relação ao dia de amanha. Daí que um dos meus impulsos seja precisamente correr em socorro da bola para que esta não caia e endireitar a mesa mas o outro seja exactamente o oposto, que é ficar a observar todo este desequilíbrio de perto, curiosa por saber o que se vai seguir.
    Indo mais além, acrescento um ponto: mesmo que eu tentasse endireitar a mesa, não conseguiria, pois ela está pregada à parede. Talvez seja porque é assim que a vida tem de ser - incerta.

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  4. É exactamente o que a carolina disse. A obra transmite instabilidade e equilíbrio, e isso assemelha-se as condições e situações da nossa vida. Apela ao equilíbrio que queremos dar à nossa vida e ao mesmo tempo à instabilidade por que passamos no nosso dia-a-dia. Ou seja, de um dia para o outro pode tudo mudar. (não quero por palavras da boca da carolina, é uma opinião minha)

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  5. Pegando na generalidade das opiniões dadas - não identifico a obra como a instabilidade ou o equilíbrio da nossa vida em geral. A minha opinião da obra não foge para um "abstracto" tão grande, nem para uma opinião interior (o que não quer dizer que ache bastante interessante que vocês sintam isso com a obra! :D, estou apenas a comentar :P) a minha opinião da obra remete á posição fascinante e interessante que o artista conseguiu criar através da sobreposição de 2 objectos contra uma parede ambos desequilibrados conseguem criar a harmonia do equilíbrio. Vejo a obra como o artista estar deitado no chão e sente que a bola é a parede e a mesa está na posição que ele vê do chão e que a parede se esta a tornar numa gigante bola que significa que não podes fugir das quatro paredes que te envolvem.

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